A confirmação chegou pela imprensa ao longo do fim-de-semana e caiu como uma onda de choque entre os aficionados da tauromaquia. Manuel Maria Trindade, de apenas 22 anos, natural de Nossa Senhora de Machede, em Évora, era visto como uma das grandes promessas do Grupo de Forcados Amadores de São Manços. Jovem, talentoso e profundamente dedicado, Manuel destacava-se pela coragem e pela entrega com que honrava uma tradição centenária.
Nesta sexta-feira à noite, subiu ao Campo Pequeno para aquela que muitos acreditavam ser mais uma etapa brilhante da sua crescente carreira. A corrida, muito aguardada, trazia consigo um touro da ganadaria Vinhas, com 695 kg, e toda a arena vibrava com a expectativa de ver Manuel enfrentar mais um desafio enorme.
No entanto, o que se seguiu mergulhou a praça num silêncio que ninguém esquecerá. Durante a pega, num embate violento e imprevisível, Manuel foi projectado pelo touro contra as tábuas que rodeiam a arena. O impacto foi brutal. Os seus colegas de grupo correram imediatamente para o local, numa tentativa desesperada de o socorrer, mas depressa se percebeu que a situação era extremamente grave.

O jovem forcado foi transportado de urgência para o Hospital de São José, em Lisboa, onde equipas médicas tentaram, durante horas, reverter o desfecho temido. Porém, na manhã de sábado, chegou a notícia que ninguém queria ouvir: Manuel Trindade não resistiu aos ferimentos.
A tragédia deixou a comunidade tauromáquica — e toda a população de Évora — profundamente consternada. Amigos, familiares, aficionados e colegas uniram-se em manifestações de dor e homenagem, incapazes de compreender como alguém tão jovem, tão cheio de vida e tão admirado podia partir de forma tão repentina.

Em comunicado, a empresa organizadora da corrida, que contou com milhares de espectadores, expressou publicamente as suas condolências:
“Enviamos toda a nossa solidariedade à família de Manuel Trindade, ao Grupo de Forcados Amadores de São Manços e a todos os amigos.”
Manuel deixou para trás não apenas um percurso promissor, mas também uma marca indelével de coragem, respeito e paixão pela arte que escolheu. E, para todos os que o viram entrar na arena pela última vez, ficará para sempre a imagem de um jovem forcado que enfrentou o seu destino com bravura e coração.